segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

“Para o BDSM só há uma regra: ser são, sadio e consensual (SSC)”, afirma o diretor de teatro e escritor que identificaremos como mestre Yago. “Ainda menino, com oito, nove anos, ficava excitado ao ver filmes com cenas das mocinhas amarradas, raptadas. Na adolescência me sentia o patinho feio: como podia estar apaixonado por uma garota e querer chicoteá-la? Claro que não o fiz.”


EM CENA: o sádico Senhor Verdugo dá ordens à sua sub

Agora, aos 45 anos, é um sádico dominador, adepto do BDSM há 26: “Gosto de dominar quem gosta de se submeter.” Frisa que dominar não é gritar, é postura. “Saber castigar na hora certa.” Controlar até o tipo de marca corporal que vai deixar na submissa. Yago vive uma 24/7: relação de dominação/submissão todas as horas do dia, por toda a semana. Em sua opinião, no convívio baunilha (o nosso, tradicional) cada um dos dois tenta controlar a relação, na hora do sexo, a cabeça está a mil: estou gordo, magro, como está a performance, em que grau está minha ereção? O que o outro está achando de mim? Numa sessão de BDSM estas questões não importam. A dor, para Yago, não deixa o pensamento voar. Toda energia está ali concentrada, o que faz o sexo bem mais prazeroso. “É simbiose, difícil dizer onde começa o sádico e o masoquista. Quando minha sub deixa de ter prazer eu também deixo.” Ele e sua sub têm uma outra sub.
Mas nada de pedir socorro ou falar: “pare” se a mão pesar; isto é muito corriqueiro. O que existe é a safeword: palavra pré-combinada que determina quando parar o jogo. Afinal, não deve ser fácil receber eletrochoques – mesmo que com a finalidade de contração muscular para induzir ao orgasmo – ter a superfície da pele estimulada por materiais abrasivos, ser imobilizado ou ficar debruçado em posição pouco nobre sobre cavalete. Pra tudo isso há técnicas, pois são métodos de tortura: o uso de cera líquida, em especial a de abelha, em mucosas anal e vaginal pode ser arriscado. Há partes do corpo em que não se pratica o spanking sobre risco de lesar órgãos.
ACM, que no mundo baunilha é jornalista e advogado, é especialista em bondage. Nos anos 90 foi estudar e trabalhar em Amsterdã, onde aprendeu a construção dos nós assimétricos que povoam o imaginário: quem não se lembra da personagem Penélope Charmosa, do inocente desenho infantil, amarrada e imobilizada sobre trilhos do trem por conta das façanhas do malvado Tião Gavião? Nos anos 50, o produtor norte-americano irving Klaw fotografou, para a capa da revista Playboy, pin-ups amordaçadas em poses de bondage. Sem falar no shibari ou kinbaku, amarrações no estilo oriental que remetem à era feudal e à história dos samurais. Nele, a dorei (submissa) fica com o corpo marcado pelas cordas de sisal bem apertadas. Funcionam como tatuagens momentâneas, assinadas pelo dono.

CRÉDITOS: Sr. Verdugo (extraído do blog)

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