terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



Amante do fetiche, ACM afirma que as consequências de imobilizações e amarrações malfeitas podem ser fatais. “Não se brinca com cordas ao redor do pescoço. é necessário conhecimento para evitar o estrangulamento.” Nó cego, nem pensar. Em se tratando de cordas, correntes e algemas, uma faca afiada ou chaves devem estar ao alcance da pessoa imobilizada, caso aconteça algo com o imobilizador. Não se pratica suspensão de imobilizado sem a supervisão de alguém experiente. A queda pode ser mortal ou gerar traumatismos graves. Sugestão para principiantes: o scarf fetish, amarrações com os suaves e escorregadios lenços de seda.
Gente, mas tudo isto é normal? “Este conceito vem no século 19, quando o poder da Igreja deu lugar à ciência. Do pecado passou-se à doença e assim havia que se encontrar algum mecanismo que explicasse tal critério. Buscou-se isso nas estatísticas: o que não for praticado pela maioria é doença, anormal. O problema é que no sexo há muitas variáveis a considerar”, avalia Rodrigues Júnior.
A psicanalista Marina de Resende Lemos considera que todos temos algum grau de sadismo e fantasias masoquistas. “A primeira coisa que queremos é agradar o outro e muitas vezes nos colocamos como objeto.” Mas pontua que a linha divisória entre perversão e fantasia é tênue. Até mesmo Freud ficou às voltas por anos com a questão: por que um indivíduo quer ser levado ao limite? Serão o sexo e o cotidiano dos baunilhas tão maçantes assim?
Na opinião de Maria Submissa, 57 anos, psicóloga, jornalista e três filhos do primeiro casamento, batizada por Senhor Darius, que ela reconhece como seu dono, como {alessa} _ SD, não se trata disso. É, sim, a oportunidade de realizar-se na essência, ter um companheiro que não só a entende, mas a estimula a ser como é. “A submissa, mesmo não sendo masoquista, deseja manifestar submissão emprestando o corpo para o prazer do dono.” Por isto, em certas ocasiões usa coleira (assim como um cachorro) e até dorme com ela caso Darius mande. Se posta de joelhos com as mãos para trás, beija-lhe os pés em sinal de respeito e, algumas vezes, no chão, trata-o por Senhor.
“Eu o amo muito e estamos juntos há um ano e meio. Neste tempo, meu treinamento foi voltado para o combate à minha impaciência e geniosidade.” Nem sempre os castigos por má conduta levam a dores físicas: podem relacionar-se ao sofrimento psicológico, quando, por exemplo, vê-se privada do carinho e atenção do dono. São medidas repreensivas e educativas. Entre as práticas favoritas de Maria estão o spanking, bondage e o dogplay (jogos de cachorro, em que adquire comportamento de animal de estimação e atende ao chamamento de cadela).
Fala que se sente protegida pelo dono e para esta entrevista teve que pedir-lhe autorização; ele esteve a seu lado enquanto respondia. “Ser submissa é uma experiência única para mim, que se renova a cada superação de limite, a cada dificuldade vencida, a cada gesto de dedicação que faço e é reconhecida como demonstração de minha entrega. Entendo que a relação BDSM envolve aspectos que uma relação baunilha não abarque, como punições físicas e o adestramento, mas é esta diferença que me atrai e sempre busquei.”
Como falamos muito em cordas, amarrações e nós, ao final desta leitura minha cabeça está torcida tentando entender este universo. E a sua?


CRÉDITOS: ACM

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